22 fevereiro 2008

Marketing e Bibliotecas

O marketing associado aos Serviços de Documentação e Informação é uma prática cada vez mais discutida e mais usual.
Ao longo deste texto tentaremos perceber de que forma a adopção de estratégias de marketing pode, ou não, interferir na concretização dos objectivos das bibliotecas de forma mais eficiente e com maior nível de sucesso.
O marketing pode ser entendido como uma filosofia de gestão que consiste em identificar as necessidades dos clientes (reais e potenciais) de uma determinada organização, aferindo quais os produtos e serviços que podem servir e satisfazer esses mesmos clientes. Qualquer tipo de organização que tenha um papel no mercado deve atender às necessidades dos seus clientes/utilizadores/consumidores, adaptando a própria organização e respectivos produtos/serviços a essas mesmas necessidades, para desta forma assegurar o máximo de satisfação por parte de quem deles usufrui.
A noção de marketing está habitualmente associada à área empresarial. De facto, foi nessa área que as técnicas de marketing se foram desenvolvendo, sendo progressivamente adoptadas pela área dos serviços. Tem-se verificado que também as organizações sem fins lucrativos podem usar técnicas de marketing, de forma a melhorar o seu desempenho e capacidade de resposta.
A Sociedade de Informação com que nos deparamos actualmente tem vindo a mostrar uma certa revolução na produção documental, bem como novos tipos de documentos que surgem com o desenvolvimento tecnológico. Assim, a noção de biblioteca tradicional tem sido um pouco alterada, surgindo serviços com maior dinamismo e claramente mais coerentes com as necessidades dos utilizadores.
Actualmente verifica-se uma crescente necessidade de disponibilização de informação em vários suportes para que as bibliotecas conservem e conquistem utilizadores. Como tal, e dada a exigência da Sociedade de Informação na qual estamos inseridos, o marketing começa a ser adoptado também pelos serviços de informação com o intuito de tornar a informação atractiva e de informar os utilizadores acerca da sua existência.
À semelhança das organizações com fins lucrativos, também as bibliotecas devem manter uma relação com os seus utilizadores, recorrendo, para isso, a métodos e técnicas que possam auxiliar essa mesma relação.
Segundo Ramos Simón, aceita-se a existência de “marketing informativo”, ou seja, “um conjunto de actividades organizadas para difundir mensagens através de produtos informativos que promovam ou favoreçam relações de troca de ideias e de interesses tangíveis, em benefícios de pessoas, instituições ou empresas.” Há quem também refira o conceito de “marketing bibliotecário”, sendo “o conjunto de actividades que a biblioteca realiza com vista a identificar as necessidades informativas dos utilizadores, para as satisfazer de forma rentável”. (Mañao Moreno, 2003)
Nas bibliotecas o marketing deve ser aplicado no sentido de identificar, satisfazer e até mesmo antecipar as necessidades dos seus utilizadores. Conhecer estas necessidades e adoptar o ponto de vista destes mesmos utilizadores, bem como criar espécies de grupos que se identificam pelas suas necessidades específicas, ajustando os objectivos do serviço às necessidades identificadas, pode garantir o sucesso destes serviços.
Importa, no entanto, realçar que o marketing tem de ser aplicado às bibliotecas com precaução, pois a sua natureza claramente comercial não coaduna, de todo, com a missão destes serviços, que é diferente das organizações com fins lucrativos, tendo mesmo um carácter muito próprio.
O marketing é cada vez mais importante nesta área pois os profissionais de informação começam a ter em atenção os utilizadores potenciais e não apenas os utilizadores reais. Actualmente, os utilizadores são o núcleo central dos serviços de documentação e informação.
A actual sociedade atribui um grande valor à imagem e parece evidente que, neste momento, as bibliotecas sofrem um problema de imagem. É precisamente aqui que surge o marketing, apresentando-se como uma técnica de promover (produtos e serviços) e que melhora a imagem das instituições.
A bibliografia existente separa o marketing em duas categorias distintas: o marketing que visa promover os serviços e as próprias bibliotecas (externo) e o marketing aplicado no interior da biblioteca, motivando os próprios funcionários (interno). Se os funcionários estiverem motivados, conhecendo bem os processos e tecnologias existentes, irão passar esse conhecimento e motivação para os utilizadores, o que vai gerar satisfação no atendimento e tornar agradável a relação entre funcionários e utilizadores. É importante realizar actividades que fomentem a relação entre estes, motivando ambas as partes. Acções de formação, reuniões, colóquios, palestras, entre outros, são opções sempre ponderáveis.
São várias as vantagens encontradas na adopção de técnicas de marketing. Estas técnicas podem potenciar um melhor relacionamento entre a biblioteca e os utilizadores (reais ou potenciais), pois têm como principal objectivo detectar as necessidades destes mesmos utilizadores, criando produtos e serviços que possam satisfazer estas mesmas necessidades.
O marketing auxilia a gestão das bibliotecas, coordenando as potencialidades das instituições (oferta) com as necessidades dos utilizadores (procura). Através da realização de estudos de utilizadores, pode diminuir-se o risco na tomada de decisões que, de alguma forma, poderiam pôr em causa o sucesso da instituição. As técnicas de marketing podem, assim, facultar um investimento mais eficiente dos recursos financeiros, que resulta da adequação dos produtos/serviços às necessidades reais dos utilizadores.
Fundamental é o facto de a componente promocional do marketing dar a possibilidade de os utilizadores conhecerem a biblioteca e os serviços que esta oferece. Este factor é bastante positivo pois as pessoas gostam de ser informadas e têm um tendência natural a usarem mais aquilo que conhecem.
Ao dar a conhecer a biblioteca, os seus recursos, serviços e actividades, a visibilidade e reconhecimento da própria instituição aumentam. Quanto melhor a imagem que é projectada da instituição, mais favorável será a imagem dos profissionais, que começam a ser vistos como gestores de informação que desempenham um papel social bastante importante. Estes profissionais desempenham funções que favorecem o acesso à informação e à cultura fomentando, assim, o desenvolvimento das comunidades.
O marketing nas bibliotecas visa a adaptação dos espaços, das colecções e recursos às já identificadas necessidades dos utilizadores, melhorando o acesso e disponibilidade dos acervos e reduzindo o tempo de espera no acesso à informação. Visa adaptar o serviço e os seus recursos, a cada momento, às necessidades dos vários e diferentes utilizadores.
Uma biblioteca que foque a sua missão nos utilizadores deve dirigir toda a sua atenção para as necessidades informacionais destes mesmos utilizadores, identificando-as e estudando-as de forma a conduzir à adopção de estratégias de marketing que se adequem a esta satisfação.
A publicidade é a técnica mais usada e visível, tendo como objectivo o desencadear de actos de consumo de um determinado produto/serviço. Mas o marketing não se cinge apenas à publicidade, é apenas uma parte deste.
São vários os materiais aos quais as bibliotecas podem recorrer como meio de promoção, nomeadamente: folhetos, desdobráveis, agendas de actividades, convites, cartazes, pequenos livros sobre a biblioteca, marcadores para livros, canetas e lápis, entre outros.
São os próprios bibliotecários e funcionários das bibliotecas que dão asas à criatividade e procedem à criação destes e outros materiais.
É útil também que os serviços comuniquem aos meios de comunicação social as actividades que desenvolvem, sendo também esta uma estratégia de marketing.
A realização de actividades e a sua respectiva divulgação contribui claramente para o aumento da visibilidade dos serviços, havendo uma explícita relação entre este factor e o sucesso das instituições. Para que as actividades tenham êxito é efectivamente determinante a sua promoção.
Como já foi referido, as bibliotecas têm cada vez mais a sua orientação focada nos utilizadores, sendo estes a razão de ser dos próprios serviços. Existe uma preocupação crescente no fornecimento de serviços de excelência e que sejam plenamente capazes de satisfazer estes utilizadores. São estas crescentes e claras preocupações que levam, como já vimos, à adopção de estratégias e técnicas de marketing que conduzem à divulgação da informação e dos próprios serviços.
Fontes: PINTO, M. L., BARRULAS, M. J.: A Disciplina de Marketing e a Prática do Bibliotecário: Estudo de Caso em Bibliotecas da RNBP

12 fevereiro 2008

Os gestores de informação e os recursos electrónicos

Como tem sido flagrante aos olhos de todos nós, as bibliotecas digitais (ou, mais correctamente, repositórios digitais) têm vindo a desenvolver-se paralelamente às ditas bibliotecas tradicionais. No entanto, não admitamos a ideia de que a missão das bibliotecas se tenha alterado. O tratamento da informação com vista à sua disponibilização continua a ser o principal ponto da sua missão (no entanto, não o único).
Importa realçar que o aumento dos recursos digitais tem levantado vários problemas aos gestores de informação. O ambiente de trabalho destes profissionais altera-se e são várias as questões que se levantam: alteração dos conteúdos seleccionados, preservados e disponibilizados; complexidade na localização da informação; mudanças frequentes na tecnologia utilizada e falta de critérios standard relativamente ao hardware e software; contínua necessidade de formação de profissionais e utilizadores.
O profissional de informação terá de se adaptar ao cada vez mais usual ambiente electrónico, lidando com as novas tecnologias e aprendendo os seus benefícios e pontos fracos. Este profissional desempenha um papel cada vez mais importante e único, na medida em que está habilitado a criar sites de forma a promover o serviço e também pela capacidade de escolher sistemas de gestão automatizada.
O actual profissional deve saber qual a informação impressa que o serviço deve adquirir, bem como quais os recursos que devem ser disponibilizados. Deve ser mediador de informação, conhecendo claramente as necessidades dos seus utilizadores, de forma a lhes fornecer a informação quando lhe é pedida, ou até mesmo antecipar este pedido. Deve também ser capaz de dar aos seus utilizadores assistência na pesquisa e utilização dos vários recursos. Para além destas competências, o profissional deve ser capaz de intervir a nível educativo, reconhecendo a informação que é útil ao processo educativo e aquisição de conhecimento.
Um dos grandes desafios com a qual os profissionais de informação se deparam é com o facto de ser necessário continuar a considerar os recursos impressos tradicionais ao mesmo tempo que se inserem documentos digitais nas novas colecções, de forma a tentar suprir todas as expectativas e necessidades dos seus utilizadores.
Para além das competências profissioanais que são desenvolvidas através da formação, os gestores de informação devem, paralelamente, aplicar algumas competências pessoais, nomeadamente, capacidade de comunicação, conhecimento, atitudes e valores, interesse pelo trabalho e formação contínua.
Os profissionais de informação vêm as suas actividades desenvolverem-se, não sendo alteradas, apenas lhes sendo continuamente acrescentadas novas componentes. É necessário que se pense nas bibliotecas físicas ou tradicionais, as quais disponibilizam materiais impressos e profissionais que realizam o trabalho técnico necessário. Contudo, e cada vez mais, se as bibliotecas querem continuar a satisfazer os seus utilizadores, necessitam claramente de incluir informação e recursos digitais. Estas bibliotecas requerem, assim, profissionais que acompanhem os desenvolvimentos a nível educativo, de investigação, tecnológico, etc..
O bibliotecário tradicional do qual estamos habituados a ouvir falar deu lugar ao gestor de informação, desempenhando, para além das funções “tradicionais”, competências de gestão e de informática, sendo-lhe exigido um carácter polivalente.
A formação destes profissionais é flucral, na medida em que novas realidades e novos tipos de materiais exigem novos tipos de tratamento. É também necessário conhecer bem os recursos que estão disponíveis, pois o seu manuseamento requer formação a nível técnico.
Importa reter que a formação é sempre necessária. Isto porque as TIC evoluem muito rapidamente e estão constantemente a surgir novos suportes. Esta formação pode incluir acções de formação, congressos e seminários, testemunhos e troca de ideias com outros profissionais da área.
É importante também salientar que o trabalho em colaboração com especialistas de outras áreas deve ser considerada, devendo os profissionais apresentar uma atitude flexível mediante novas realidades. É claro que os serviços devem procurar soluções adequadas às próprias necessidades mas, no entanto, deve tentar manter-se um diálogo com outros profissionais da área para, desta forma, tentar conhecer situações semelhantes e respectivas resoluções, bem como com o intuito de se unirem numa força comum para negociar com editores e fornecedores de conteúdos digitais.

04 janeiro 2008

A Literacia e a Sociedade da Informação

A emergente e cada vez mais exigente Sociedade da Informação em que vivemos requer que os cidadãos estejam aptos e preprarados para enfrentar e superar as necessidades que lhes vão sendo, diária e consecutivamente, apresentadas.
Na Sociedade em que estamos actualmente inseridos, ser capaz de ler já não define o conceito de literacia. A literacia consiste na capacidade de usar as competências (ensindas e aprendidas) de leitura, de escrita e de cálculo e inclui outros conceitos, como sejam, a literacia informática, a literacia do consumidor, a literacia da informação e também a literacia visual. O conceito de literacia assenta na capacidade de se perceber bem cada ideia nova, para que estas possam ser usadas sempre que necessário. A literacia significa saber como aprender e a compreensão é a chave.
Os serviços de informação, nomeadamente as bibliotecas (escolares, municipais, etc.), são consideradas as instituições com maior potencial para o apoio e promoção de actividades que facultem o desenvolvimento da literacia da informação. Estas possuem muitos e diversos recursos de informação, possuem sistemas de gestão de informação cada vez mais eficazes e pessoal especializado no apoio aos utilizadores. É extremamente importante que estas instituições possuam os recursos e desenvolvam as actividades necessárias ao fomento em larga escala do desenvolvimento da literacia informacional em crianças e jovens.
As bibliotecas devem, entre outras coisas, aconselhar e orientar todos os seus utilizadores; fornecer os espaços e as instalações necessárias ao desenvolvimento do estudo e também de outras actividades. Deverá, se possível, possuir uma infra-estrutura técnica moderna que facilite o uso de materiais actualizados e também a aprendizagem em rede. A biblioteca não deverá nunca restringir os seus objectivos apenas à disponibilização dos materiais e ao desenvolvimento de actividades de animação.
Actualmente, está provado que as actividades lúdicas podem ajudar as crianças no desenvolver de competências de literacia e, portanto, as bibliotecas devem atribuir o devido valor às actividades lúdicas e criativas. A existência de espaços lúdicos que contenham materiais relacionados com a leitura e a escrita; o desenvolver de situações que desencadeiam os jogos onde as crianças “fazem de conta”; o facto de as crianças terem contacto com a leitura e a escrita enquanto brincam, traz benefícios directos na aquisição de competências precoces de leitura e escrita.
No entanto, outras capacidades podem ser estimuladas, como sejam as capacidades “artísticas” das crianças. Podem, por exemplo, constituir-se jogos onde se incluam variados materiais plásticos, plasticinas, barro, areias, etc., bem como outros materiais com estes relacionados. Desta forma, é possível as crianças terem um contacto próximo com os materiais existentes, conhecendo-os, apreendendo para que servem e tudo o que podem fazer com eles. Outras actividades como teatros, espectáculos de fantoches e marionetas, etc., devem também ser levadas a cabo.
Contudo, não nos podemos focar somente nas crianças. Outros sectores da população carecem também de especial atenção. É fundamental que nos debrucemos sobre os adolescentes pois, infelizmente, uma grande parte mostra demasiada desmotivação perante a leitura. As bibliotecas podem (e devem!) apoiar devidamente as crianças na transição para a idade adulta, fomentando o seu desenvolvimento intelectual, emocional e social.
As necessidades dos jovens variam muito e é importante que as instituições estejam munidas de recursos que superem as necessidades dos vários grupos. Será também importante dar formação aos jovens no que diz respeito ao uso da informação e capacidades de literacia, bem como oferecer-lhes serviços de aconselhamento de leitura.
De forma a incutir nos jovens o gosto pela escrita, pela leitura e por todas as outras expressões de cultura, é importante que se promovam espectáculos a eles dirigidos. Espectáculos de música, teatro e exposições (e outros) são uma forma de lhes incutir o gosto e a vontade de se desenvolverem intelectualmente. Aliado aos espectáculos, pode ser permitido aos jovens o encontro e reuniões com celebridades, reconhecidas no mundo cultural. Podem também ser criados grupos de discussão/debate onde se abordem os mais variados temas. Fomentar actividades de teatro, televisão, música, escrita, etc., podem revelar jovens promissores no nosso país.
É fundamental que comecemos a caminhar no sentido da diminuição dos níveis de iliteracia que se verificam. Se as pessoas não gostam de ler, é importante fazer com que consigam gostar, levando a cabo actividades que lhes incutam o gosto pelo adquirir de informação, fazendo com que os seus níveis de cultura cresçam consideravelmente. Se as crianças têm um carácter passivo, é fundamental que as tornemos activas ou, melhor ainda, pró-activas. Serão agentes pró-activos na nossa sociedade, agentes ricos em conhecimento e prometedores de um futuro melhor para uma comunidade comum. A exigente Sociedade de Informação que tem vindo a emergir ao longo do tempo apresenta-se como uma sociedade extremamente competitiva, na qual somos confrontados com exigências sociais, pessoais e profissionais e só conseguiremos suprir estas exigências se estivermos no pleno dos nossos níveis informativos.
É possível lutarmos por um futuro melhor, onde os cidadãos serão mais informados e participativos, onde todos nós podemos viver cordialmente em sociedade.

03 janeiro 2008

Bibliotecas Digitais/Bibliotecas Tradicionais, que futuro?

A nossa sociedade tem vindo a ser, ao longo do tempo, abalada pela introdução das novas tecnologias de informação e comunicação.
Há quem considere a Internet, talvez por ser um meio de comunicação cada vez mais adoptado nos últimos anos, uma grande biblioteca digital. Há mesmo quem considere que as bibliotecas físicas, ou tradicionais, tenderão a desaparecer e serão substituídas por um outro modelo de biblioteca. No entanto, existem também aqueles que se mantêm fiéis ao papel desempenhado pelas bibliotecas tradicionais, reivindicando a importância do livro para a nossa cultura.
A biblioteca digital é, muito sucintamente, uma colecção organizada de informação, onde se combina a estrutura da informação que as bibliotecas e arquivos já possuem com a representação digital que os computadores permitem.
Entre outros aspectos, a biblioteca digital permite-nos facilidades de pesquisa e de divulgação; traz novas formas de lidar com a informação (havendo ligações complexas entre os documentos) e abre-se o caminho para a preservação em formato digital.
A construção de uma biblioteca digital exige a análise prévia de algumas questões, tais como: direitos de autor, implicações sociais, divulgação ou não da informação, ferramentas tecnológicas disponíveis, requisitos de consulta, etc. A análise de custos e benefícios é também fundamental. Importa esclarecer se, por exemplo, há a possibilidade de conquistar novos utilizadores com este recurso, se há a melhoria de acesso para os utilizadores existentes e também se é possível criar novos serviços com base nesta biblioteca digital. O desenvolvimento de uma biblioteca digital deve orientar-se segundo alguns princípios: prioridade à utilidade, imperativo local, preferência pela novidade, implicações de intertextualidade, escassez de recursos e empenho na transição.
É certo que as bibliotecas digitais revolucionaram, de certa forma, o mundo biblioteconómico, na medida em que, por exemplo, eliminaram as barreiras físicas e as distâncias que sempre estiveram associadas às bibliotecas tradicionais.
A inclusão dos recursos digitais no seio das colecções das bibliotecas fez com que se passasse a permitir apenas o acesso à informação, deixando-se assim de ter a propriedade sobre os recursos.
Existem diferenças óbvias entre ambos os serviços. Vejamos: o ciclo editorial tradicional sofre alterações profundas, dado que nos recursos digitais qualquer pessoa pode editar, o que significa que terá de existir alguém responsável por garantir a qualidade desse mesmo recurso. Outra questão/diferença relevante é o facto de nos recursos impressos podermos controlar o número de cópias, enquanto que nos recursos digitais isso não é possível. Outra questão importante está relacionada com as novas edições, isto é, quando um recurso impresso sofre uma nova edição, existe uma indicação de tal, enquanto que os recursos digitais, ao permitirem uma leitura interactiva, podem sofrer modificações na sua aparência.
Como já foi referido, através dos recursos digitais, o utilizador não tem de estar sujeito aos horários das bibliotecas. Para colmatar este factor, as bibliotecas tradicionais oferecem o serviço de empréstimo domiciliário sendo, ainda assim, complicado suprir as necessidades de todos os utilizadores.
As bibliotecas digitais constituem uma ferramenta de enorme poder, mas que só será útil se os utilizadores possuirem e desenvolverem competências para a exploração e utilização desses mesmos recursos.
Como vimos, os recursos digitais oferecem um vasto leque de vantagens apresentando, no entanto, alguns aspectos menos positivos.
As opiniões divergem e as preferências também... No que me diz respeito, não abono a favor da “abolição” das ditas bibliotecas tradicionais. Existem diferenças óbvias entre os recursos, diferenças essas que podem suprir as diferentes necessidades dos diferentes utilizadores de diferentes formas...

09 novembro 2007

O estágio, a transição, a profissão...

Recentemente, todos nós tivemos a oportunidade de ter um primeiro contacto com o mundo de trabalho na área da Ciência da Informação.
Falando na primeira pessoa, considero que esta experiência foi extremamente enriquecedora a vários níveis... A nível pessoal, fui obrigada a crescer como pessoa, a conseguir relacionar-me com tantas outras pessoas de outras tantas áreas, a conseguir manter uma postura inteiramente profissional, a aprender todos os contornos que caracterizam um verdadeiro profissional! A nível académico, ou profissional, foi-me imposta a aplicação de todos os conhecimentos que adquiri ao longo de quatro anos de intenso trabalho... Na verdade, não considero que o estágio que me proporcionaram tenha sido uma mera aplicação de conhecimentos adquiridos, mas antes uma reaprendizagem de todos os conhecimentos aos quais tivemos acesso durante a Licenciatura.
Confesso que a entrada neste mundo não foi, de todo, fácil... De repente deparei-me com as maiores dificuldades para conseguir superar tudo aquilo que me propunham! Foi aqui, obviamente, que senti a enorme necessidade de reaprender tudo aquilo que já tinha ouvido mas que nunca tinha imaginado sequer a sua aplicação prática! Certamente que a grande maioria de nós ficou, pelo menos inicialmente, apreensivo, nervoso, ansioso, e talvez até decepcionado com o que nos era apresentado... Como fazer, como reagir, como conseguir... Não foram estas as questões que constantemente estavam presentes?! Não foi fácil, confesso, conseguir a melhor resposta para estas questões... E sozinha não teria sido possível, de todo, conseguir concretizar todos os objectivos aos quais me propus! Foram várias as pessoas que estiveram sempre comigo e que, de uma ou outra forma, me deram o seu apoio e ajuda...
Toda a angústia, nervosismo, problemas, tentativas infrutíferas foram importantes para nos fazer crescer como pessoas e como profissionais... Mas, no entanto, se assim não fosse, teria sido completamente impossível chegar a respostas concretas para os problemas apresentados. Foram estas respostas que levaram ao reconhecimento que as diversas Instituições nos demonstraram... O reconhecimento de que o nosso trabalho afinal funcionava, de que afinal fomos capazes de trazer algo vantajoso e positivo ao seu funcionamento, de que afinal somos importantes e necessários no seu seio... Tudo isto nos faz, claramente, sentir que realmente valeu a pena todo o esforço e sacrifício pelos quais fomos passando...
É certo que o nosso trabalho, ou o nosso perfil de Gestor de Informação, não é ainda muito reconhecido e procurado... No entanto, cabe-nos a nós, verdadeiros profissionais, lutar para que isso se altere... Somos nós, e apenas nós, que temos carácter e competências para dinamizar e explorar todos os recursos informacionais existentes... São estes recursos, de enorme potencial, que ajudam a garantir a competitivadade e o adquirir de vantagens nesta nossa Sociedade...

31 maio 2007

Ciência da Informação: o mito

Ciência da Informação? Isso é o mesmo que jornalismo, certo? Não? Ah, então vais ser arquivista não é? Mas o curso não se denomina Ciências da Informação? Mas afinal que curso é esse que nunca ouvi falar? Dúvidas e mais dúvidas com que nós, alunos da LCI, somos constantemente bombardeados! Este artigo visa, portanto, esclarecer algumas das eventuais dúvidas relativas a esta Licenciatura, para que toda a comunidade possa perceber o que fazem os designados profissionais/gestores da informação.
Ciência da Informação não é jornalismo, não é somente arquivística, nem biblioteconomia, nem informática...
As Faculdades de Letras e de Engenharia da Universidade do Porto uniram-se numa parceria com o objectivo concreto de criar um plano curricular sólido onde se cruzam todos os saberes tradicionais com conhecimentos teórico-práticos relativos às áreas das Tecnologias da Informação e Comunicação, sem descurar a necessária fundamentação teórico-metodológica. Os futuros gestores da informação recebem uma formação que lhes permite ajudar as mais variadas instituições a garantir vantagens competitivas na actual Sociedade da Informação em que vivemos.
A Ciência da Informação envolve as típicas práticas de Arquivística, Biblioteconomia e Documentação, sendo completada pelos Sistemas Tecnológicos de Informação. Neste âmbito, pretendem-se desenvolver capacidades de análise e especificação direccionados à produção e aplicação de software adequado para a correcta criação, processamento, uso e eficiente circulação da informação nos mais variados contextos organizacionais. A combinação destas diferentes componentes possibilita o reforço de uma matriz teórico-metodológica que serve de base ao estudo e intervenção a nível da génese, da recepção, do armazenamento, da recuperação, do uso e da difusão da informação na sociedade.
O impacto das Tecnologias de Informação e Comunicação na actual sociedade tem sido estrondoso e, cada vez mais, o acesso à informação é fundamental para garantir a sobrevivência nesta emergente Sociedade da Informação. Esta sociedade é deveras exigente para com os seus cidadãos e, aqui, os profissionais de informação podem ter um contributo fundamental. São estes que vão ajudar e orientar as Instituições, públicas ou privadas, pequenas, médias ou grandes, a gerir de forma especializada a informação que resulta das suas actividades. Só desta forma se podem garantir vantagens nesta competitiva e cada vez mais exigente sociedade, onde a informação tende a vencer democraticamente.
Como tal, cabe aos profissionais da informação realizar análises orgânico-funcionais de Instituições; levar a cabo auditorias de informação que permitem a racionalização e automatização de procedimentos; especificar requisitos para sistemas que permitam a automatização de processos; criar instrumentos de recuperação de informação, bem como arquivos e bibliotecas digitais; criar especificações de meta-informação que vão permitir a preservação a longo prazo; conceber sites e portais e criar ferramentas de apoio à tomada de decisão. Estas são algumas (entre muitas) das funções desempenhadas por estes profissionais. É fundamental que as empresas do nosso país se consciencializem das suas necessidades informacionais e apostem cada vez mais na gestão da informação, pois desta forma as suas actividades poderão ser desempenhadas de forma mais eficiente e rentável.
O papel dos profissionais da informação tenderá a ser cada vez mais valorizado mas, para isso, é fundamental que a nossas empresas abram as suas portas, de modo a que nós, licenciados em Ciência da Informação, possamos dar o nosso contributo para a criação de uma sociedade mais informada e participativa.
O apelo está feito... Ficam as dicas... Visite os nossos sites:
www.letras.up.pt; www.fe.up.pt; http://paginas.fe.up.pt/lci/apresentacao.htm.
Um bem-haja a todos e não se esqueçam... A informação é uma ferramenta de enorme poder na nossa sociedade!!