A emergente e cada vez mais exigente Sociedade da Informação em que vivemos requer que os cidadãos estejam aptos e preprarados para enfrentar e superar as necessidades que lhes vão sendo, diária e consecutivamente, apresentadas.Na Sociedade em que estamos actualmente inseridos, ser capaz de ler já não define o conceito de literacia. A literacia consiste na capacidade de usar as competências (ensindas e aprendidas) de leitura, de escrita e de cálculo e inclui outros conceitos, como sejam, a literacia informática, a literacia do consumidor, a literacia da informação e também a literacia visual. O conceito de literacia assenta na capacidade de se perceber bem cada ideia nova, para que estas possam ser usadas sempre que necessário. A literacia significa saber como aprender e a compreensão é a chave.
Os serviços de informação, nomeadamente as bibliotecas (escolares, municipais, etc.), são consideradas as instituições com maior potencial para o apoio e promoção de actividades que facultem o desenvolvimento da literacia da informação. Estas possuem muitos e diversos recursos de informação, possuem sistemas de gestão de informação cada vez mais eficazes e pessoal especializado no apoio aos utilizadores. É extremamente importante que estas instituições possuam os recursos e desenvolvam as actividades necessárias ao fomento em larga escala do desenvolvimento da literacia informacional em crianças e jovens.
As bibliotecas devem, entre outras coisas, aconselhar e orientar todos os seus utilizadores; fornecer os espaços e as instalações necessárias ao desenvolvimento do estudo e também de outras actividades. Deverá, se possível, possuir uma infra-estrutura técnica moderna que facilite o uso de materiais actualizados e também a aprendizagem em rede. A biblioteca não deverá nunca restringir os seus objectivos apenas à disponibilização dos materiais e ao desenvolvimento de actividades de animação.
Actualmente, está provado que as actividades lúdicas podem ajudar as crianças no desenvolver de competências de literacia e, portanto, as bibliotecas devem atribuir o devido valor às actividades lúdicas e criativas. A existência de espaços lúdicos que contenham materiais relacionados com a leitura e a escrita; o desenvolver de situações que desencadeiam os jogos onde as crianças “fazem de conta”; o facto de as crianças terem contacto com a leitura e a escrita enquanto brincam, traz benefícios directos na aquisição de competências precoces de leitura e escrita.
No entanto, outras capacidades podem ser estimuladas, como sejam as capacidades “artísticas” das crianças. Podem, por exemplo, constituir-se jogos onde se incluam variados materiais plásticos, plasticinas, barro, areias, etc., bem como outros materiais com estes relacionados. Desta forma, é possível as crianças terem um contacto próximo com os materiais existentes, conhecendo-os, apreendendo para que servem e tudo o que podem fazer com eles. Outras actividades como teatros, espectáculos de fantoches e marionetas, etc., devem também ser levadas a cabo.
Contudo, não nos podemos focar somente nas crianças. Outros sectores da população carecem também de especial atenção. É fundamental que nos debrucemos sobre os adolescentes pois, infelizmente, uma grande parte mostra demasiada desmotivação perante a leitura. As bibliotecas podem (e devem!) apoiar devidamente as crianças na transição para a idade adulta, fomentando o seu desenvolvimento intelectual, emocional e social.
As necessidades dos jovens variam muito e é importante que as instituições estejam munidas de recursos que superem as necessidades dos vários grupos. Será também importante dar formação aos jovens no que diz respeito ao uso da informação e capacidades de literacia, bem como oferecer-lhes serviços de aconselhamento de leitura.
De forma a incutir nos jovens o gosto pela escrita, pela leitura e por todas as outras expressões de cultura, é importante que se promovam espectáculos a eles dirigidos. Espectáculos de música, teatro e exposições (e outros) são uma forma de lhes incutir o gosto e a vontade de se desenvolverem intelectualmente. Aliado aos espectáculos, pode ser permitido aos jovens o encontro e reuniões com celebridades, reconhecidas no mundo cultural. Podem também ser criados grupos de discussão/debate onde se abordem os mais variados temas. Fomentar actividades de teatro, televisão, música, escrita, etc., podem revelar jovens promissores no nosso país.
É fundamental que comecemos a caminhar no sentido da diminuição dos níveis de iliteracia que se verificam. Se as pessoas não gostam de ler, é importante fazer com que consigam gostar, levando a cabo actividades que lhes incutam o gosto pelo adquirir de informação, fazendo com que os seus níveis de cultura cresçam consideravelmente. Se as crianças têm um carácter passivo, é fundamental que as tornemos activas ou, melhor ainda, pró-activas. Serão agentes pró-activos na nossa sociedade, agentes ricos em conhecimento e prometedores de um futuro melhor para uma comunidade comum. A exigente Sociedade de Informação que tem vindo a emergir ao longo do tempo apresenta-se como uma sociedade extremamente competitiva, na qual somos confrontados com exigências sociais, pessoais e profissionais e só conseguiremos suprir estas exigências se estivermos no pleno dos nossos níveis informativos.
É possível lutarmos por um futuro melhor, onde os cidadãos serão mais informados e participativos, onde todos nós podemos viver cordialmente em sociedade.
