04 janeiro 2008

A Literacia e a Sociedade da Informação

A emergente e cada vez mais exigente Sociedade da Informação em que vivemos requer que os cidadãos estejam aptos e preprarados para enfrentar e superar as necessidades que lhes vão sendo, diária e consecutivamente, apresentadas.
Na Sociedade em que estamos actualmente inseridos, ser capaz de ler já não define o conceito de literacia. A literacia consiste na capacidade de usar as competências (ensindas e aprendidas) de leitura, de escrita e de cálculo e inclui outros conceitos, como sejam, a literacia informática, a literacia do consumidor, a literacia da informação e também a literacia visual. O conceito de literacia assenta na capacidade de se perceber bem cada ideia nova, para que estas possam ser usadas sempre que necessário. A literacia significa saber como aprender e a compreensão é a chave.
Os serviços de informação, nomeadamente as bibliotecas (escolares, municipais, etc.), são consideradas as instituições com maior potencial para o apoio e promoção de actividades que facultem o desenvolvimento da literacia da informação. Estas possuem muitos e diversos recursos de informação, possuem sistemas de gestão de informação cada vez mais eficazes e pessoal especializado no apoio aos utilizadores. É extremamente importante que estas instituições possuam os recursos e desenvolvam as actividades necessárias ao fomento em larga escala do desenvolvimento da literacia informacional em crianças e jovens.
As bibliotecas devem, entre outras coisas, aconselhar e orientar todos os seus utilizadores; fornecer os espaços e as instalações necessárias ao desenvolvimento do estudo e também de outras actividades. Deverá, se possível, possuir uma infra-estrutura técnica moderna que facilite o uso de materiais actualizados e também a aprendizagem em rede. A biblioteca não deverá nunca restringir os seus objectivos apenas à disponibilização dos materiais e ao desenvolvimento de actividades de animação.
Actualmente, está provado que as actividades lúdicas podem ajudar as crianças no desenvolver de competências de literacia e, portanto, as bibliotecas devem atribuir o devido valor às actividades lúdicas e criativas. A existência de espaços lúdicos que contenham materiais relacionados com a leitura e a escrita; o desenvolver de situações que desencadeiam os jogos onde as crianças “fazem de conta”; o facto de as crianças terem contacto com a leitura e a escrita enquanto brincam, traz benefícios directos na aquisição de competências precoces de leitura e escrita.
No entanto, outras capacidades podem ser estimuladas, como sejam as capacidades “artísticas” das crianças. Podem, por exemplo, constituir-se jogos onde se incluam variados materiais plásticos, plasticinas, barro, areias, etc., bem como outros materiais com estes relacionados. Desta forma, é possível as crianças terem um contacto próximo com os materiais existentes, conhecendo-os, apreendendo para que servem e tudo o que podem fazer com eles. Outras actividades como teatros, espectáculos de fantoches e marionetas, etc., devem também ser levadas a cabo.
Contudo, não nos podemos focar somente nas crianças. Outros sectores da população carecem também de especial atenção. É fundamental que nos debrucemos sobre os adolescentes pois, infelizmente, uma grande parte mostra demasiada desmotivação perante a leitura. As bibliotecas podem (e devem!) apoiar devidamente as crianças na transição para a idade adulta, fomentando o seu desenvolvimento intelectual, emocional e social.
As necessidades dos jovens variam muito e é importante que as instituições estejam munidas de recursos que superem as necessidades dos vários grupos. Será também importante dar formação aos jovens no que diz respeito ao uso da informação e capacidades de literacia, bem como oferecer-lhes serviços de aconselhamento de leitura.
De forma a incutir nos jovens o gosto pela escrita, pela leitura e por todas as outras expressões de cultura, é importante que se promovam espectáculos a eles dirigidos. Espectáculos de música, teatro e exposições (e outros) são uma forma de lhes incutir o gosto e a vontade de se desenvolverem intelectualmente. Aliado aos espectáculos, pode ser permitido aos jovens o encontro e reuniões com celebridades, reconhecidas no mundo cultural. Podem também ser criados grupos de discussão/debate onde se abordem os mais variados temas. Fomentar actividades de teatro, televisão, música, escrita, etc., podem revelar jovens promissores no nosso país.
É fundamental que comecemos a caminhar no sentido da diminuição dos níveis de iliteracia que se verificam. Se as pessoas não gostam de ler, é importante fazer com que consigam gostar, levando a cabo actividades que lhes incutam o gosto pelo adquirir de informação, fazendo com que os seus níveis de cultura cresçam consideravelmente. Se as crianças têm um carácter passivo, é fundamental que as tornemos activas ou, melhor ainda, pró-activas. Serão agentes pró-activos na nossa sociedade, agentes ricos em conhecimento e prometedores de um futuro melhor para uma comunidade comum. A exigente Sociedade de Informação que tem vindo a emergir ao longo do tempo apresenta-se como uma sociedade extremamente competitiva, na qual somos confrontados com exigências sociais, pessoais e profissionais e só conseguiremos suprir estas exigências se estivermos no pleno dos nossos níveis informativos.
É possível lutarmos por um futuro melhor, onde os cidadãos serão mais informados e participativos, onde todos nós podemos viver cordialmente em sociedade.

03 janeiro 2008

Bibliotecas Digitais/Bibliotecas Tradicionais, que futuro?

A nossa sociedade tem vindo a ser, ao longo do tempo, abalada pela introdução das novas tecnologias de informação e comunicação.
Há quem considere a Internet, talvez por ser um meio de comunicação cada vez mais adoptado nos últimos anos, uma grande biblioteca digital. Há mesmo quem considere que as bibliotecas físicas, ou tradicionais, tenderão a desaparecer e serão substituídas por um outro modelo de biblioteca. No entanto, existem também aqueles que se mantêm fiéis ao papel desempenhado pelas bibliotecas tradicionais, reivindicando a importância do livro para a nossa cultura.
A biblioteca digital é, muito sucintamente, uma colecção organizada de informação, onde se combina a estrutura da informação que as bibliotecas e arquivos já possuem com a representação digital que os computadores permitem.
Entre outros aspectos, a biblioteca digital permite-nos facilidades de pesquisa e de divulgação; traz novas formas de lidar com a informação (havendo ligações complexas entre os documentos) e abre-se o caminho para a preservação em formato digital.
A construção de uma biblioteca digital exige a análise prévia de algumas questões, tais como: direitos de autor, implicações sociais, divulgação ou não da informação, ferramentas tecnológicas disponíveis, requisitos de consulta, etc. A análise de custos e benefícios é também fundamental. Importa esclarecer se, por exemplo, há a possibilidade de conquistar novos utilizadores com este recurso, se há a melhoria de acesso para os utilizadores existentes e também se é possível criar novos serviços com base nesta biblioteca digital. O desenvolvimento de uma biblioteca digital deve orientar-se segundo alguns princípios: prioridade à utilidade, imperativo local, preferência pela novidade, implicações de intertextualidade, escassez de recursos e empenho na transição.
É certo que as bibliotecas digitais revolucionaram, de certa forma, o mundo biblioteconómico, na medida em que, por exemplo, eliminaram as barreiras físicas e as distâncias que sempre estiveram associadas às bibliotecas tradicionais.
A inclusão dos recursos digitais no seio das colecções das bibliotecas fez com que se passasse a permitir apenas o acesso à informação, deixando-se assim de ter a propriedade sobre os recursos.
Existem diferenças óbvias entre ambos os serviços. Vejamos: o ciclo editorial tradicional sofre alterações profundas, dado que nos recursos digitais qualquer pessoa pode editar, o que significa que terá de existir alguém responsável por garantir a qualidade desse mesmo recurso. Outra questão/diferença relevante é o facto de nos recursos impressos podermos controlar o número de cópias, enquanto que nos recursos digitais isso não é possível. Outra questão importante está relacionada com as novas edições, isto é, quando um recurso impresso sofre uma nova edição, existe uma indicação de tal, enquanto que os recursos digitais, ao permitirem uma leitura interactiva, podem sofrer modificações na sua aparência.
Como já foi referido, através dos recursos digitais, o utilizador não tem de estar sujeito aos horários das bibliotecas. Para colmatar este factor, as bibliotecas tradicionais oferecem o serviço de empréstimo domiciliário sendo, ainda assim, complicado suprir as necessidades de todos os utilizadores.
As bibliotecas digitais constituem uma ferramenta de enorme poder, mas que só será útil se os utilizadores possuirem e desenvolverem competências para a exploração e utilização desses mesmos recursos.
Como vimos, os recursos digitais oferecem um vasto leque de vantagens apresentando, no entanto, alguns aspectos menos positivos.
As opiniões divergem e as preferências também... No que me diz respeito, não abono a favor da “abolição” das ditas bibliotecas tradicionais. Existem diferenças óbvias entre os recursos, diferenças essas que podem suprir as diferentes necessidades dos diferentes utilizadores de diferentes formas...